Sobre “A gente é feito pra acabar”, o show do Marcelo Jeneci
A melhor definição deve ser dizer apenas que perdi a voz. Esqueci das palavras. Emudeci. E quem me conhece sabe que eu falo, e muito. Não sei se fui arrebatada ou levei uma porrada. Talvez seja algo semelhante a um grande porre. Ainda estou embriagada. Gosto disso, preciso disso. Cada melodia era uma gota de álcool e eu queria mais. Exigia, sugava, chorava. Tal qual uma álcoolatra. Sem culpa. Ainda assim tremia, arrepiava, nadava na bebida. Paz e medo. Desejo e repulsa. Sonho, tristeza, a vida real. Tudo assim, no mesmo copo. Que garçom malcriado. Atirou tudo na mesa sem pedir licença. Será que suporto? Sou forte assim? Sei não. Outra maré. Melodia, melancolia e, então, a felicidade. O sangue corria de outra forma. Lento, lustroso, como bem entendia, naquele mar infinito. Ainda duvido do encaixe. Não sei se eu tinha espaço para tanto. Não sei ser álcoolatra. Mas para que mesmo espaço? A gente é feito pra acabar.